@fbobraga acho que ele foi extremamente infeliz em defender o Minsky e nunca se desculpou em relação a isso. Acha que não fez nada de errado e isso é muito triste.
há algo no meu senso de justiça que me torna particularmente sensível e propenso a perceber e defender vítimas de injustiça que lutavam por justiça social, mas acabaram condenadas popularmente em razão de manipulação de informação. defendi lula durante lafajuta, defendo assange, defendo stallman, ... a lista é longa.
@lxo ou seja, não é nada óbvio que Minsky seja inocente, pois é a palavra de Giuffre e de outra testemunha contra a de outro homem que só esteve na ilha, e não estava naquele vôo. Mesmo assim RMS escolheu defender o colega, e a coisa foi ficando pior: quis suavizar a situação com a desculpa de que ela se apresentou "querendo fazer sexo", além de tentar relativizar a definição do que seria um estupro. Em momento algum deu crédito a Giuffre, só fez desprezar tudo o que ela falou!
eu entendo e compartilho a sua revolta e seu desejo de oferecer justiça às vítimas de epstein. hashtag tamojunto. só que esse desejo de justiça não deve levar a mais injustiça, nem deve distorcer nossa percepção.
você coloca "a palavra de giuffre contra a de minsky", mas isso não corresponde à realidade. giuffre jamais disse que fez sexo com minsky. ela só confirmou que foi orientada a fazê-lo, e que foi à ilha com esse propósito ("where did you go to..."), embora não lembrasse de muita coisa. não há qualquer confirmação do ato, então não há contradição entre as versões. é perfeitamente razoável que sejam as duas verdadeiras: que ela tenha sido ordenada a fazer sexo com ele (horrível) e que ele tenha recusado.
o fato de ter ido de avião particular à ilha é um sinal de alerta pra mim, mas mais de um esquema de corrupção, de criar armadilhas para pesquisadores ingênuos com luxos e luxúrias que depois poderiam ser usados para forçá-los ao silêncio ou a favores outros (como as festas com prostitutas para corromper juízes para favorecer lafajuta)
de qualquer forma, sua própria frase "não é nada óbvio" deixa claro que você reconhece a dúvida, mas mesmo assim condena sem aparente hesitação. na justiça civilizada, na dúvida, não se condena. pra mim, condenar com tamanhas dúvidas seria um exemplo muito pior para minha filha e para neta. o sangue de bodes expiatórios não promove justiça, só mais injustiça.
- o Minsky fez dois simpósios acadêmicos na ilha do Epstein: um em 2002 antes das denúncias ficarem públicas e outro em 2011 depois do Epstein ser registrado como "sex offender";
- a Virginia Giuffre testemunhou em 2015 em depoimento no processo contra a associada do Epstein, Ghislaine Maxwell, que a Maxwell a "orientou" a fazer sexo com o Minsky, entre outros;
- no depoimento [1] perguntam onde ela estava quando Maxwell fez o pedido pra ela e ela não lembra. Aí perguntam a ela onde ela fez sexo com Minsky e ela responde que acredita que foi na ilha do Epstein.
- uma outra testemunha deu crédito ao relato da Giuffre, e disse em seu depoimento que ela e Minsky haviam pego um avião particular em março de 2001 junto com Epstein e Maxwell entre outros. Na época do vôo, Giuffre tinha 17 anos; Minsky tinha 73 anos.
no pôste anterior, falei de minsky. agora, você trocou de assunto pro rms, então vamos falar dele.
onde está o descrédito que você viu nas intervenções dele? consta pra mim que em momento algum ele desacreditou giuffre ou a acusação contra minsky, nem defendeu minsky, muito menos epstein. eu entendo que esses comportamentos de descrédito sejam comuns, isso também me irrita profundamente, mas me parece que há uma generalização completamente descabida em incluir rms nesse balaio.
o que ele escreveu foi que não havia indício de uso de força da parte de minsky. você concorda ou discorda quanto a essa alegação?
(depois podemos debater outras alegações; é mais fácil explorar uma de cada vez)
@lxo eu realmente sinto muito que pra defender seu ídolo você passe pano pra isso Oliva. Ainda mais tendo uma filha mulher. Pois não à toa denúncias de estupro continuam subnotificadas. Porque é muito difícil combater o descrédito que pessoas poderosas como o RMS continuam a propagar por aí.
@f4bs vou voltar pro minsky, porque você ainda tá construindo o caso contra stallman baseada na suposição de que a acusação contra minsky era plausível.
como é que você justifica descartar sumariamente o testemunho de alguém que estava lá, que confirma que minsky não aceitou a oferta, isto é, que não houve o ato atribuído a ele, isto é, que não houve abuso? https://web.archive.org/web/20230525033050/https://instapundit.com/339725/
como é que você justifica descartar o relato ao fim da matéria que você usou como evidência, que dá conta que os crimes sexuais e de tráfico humano que ocorriam na ilha não eram visíveis para os contatos sociais de epstein, que não havia qualquer aparência ou sugestão de qualquer coisa sexual ou imprópria na presença de pessoas tais como o pesquisador minsky? https://gnusocial.net/url/19561909
é muito fácil condenar imaginando cenários em que a pessoa já é presumida culpada de abuso desde o início. mas isso não é justiça, é falácia, é lógica circular. pra quebrar esse ciclo é preciso mostrar um abuso, por parte do acusado. mostrar que ele foi levado pra lá no avião do abusador, a convite do abusador, com companhia de uma escrava do abusador, só faz reforçar a ideia de que o abusador montava uma arapuca pra ele. como ele recusou a oferta, pode deu um balão no abusador, mesmo sem saber da arapuca da qual escapou.
@lxo ele defendeu Minsky através de sua visão do que representa a palavra "assault", que não tem somente o significado de uso de força, mas também de abuso. Inclusive quando tentou se desculpar continuou dizendo que Minsky foi "unjustly accused". Se ele acha que a acusação foi injusta, é porque ele está, sim, relativizando o comportamento que Giuffre relata sobre Minsky e desacreditando esse comportamento como algo que causou mal a ela porque ela teria se apresentado "entirely willing".
@f4bs já desisti do @lxo (ele parece não raciocinar, só repetir maus argumentos dos "dele", usando falácias argumentativas - e acusando o interlocutor de usa-las, seguindo o finado Olavo de Carvalho: "acuse-os do que você faz!")
exatamente, jamais disse que fez sexo com minsky, foi isso o que eu disse, e a imagem do texto que você postou corrobora. vou traduzir a parte relevante aqui:
P: onde você e Ms Maxwell estavam quando ela ordenou que você fosse fazer sexo com Marvin Minsky?
R: Não sei.
P: Aonde você foi para fazer sexo com Marvin Minsky?
R: Acredito que foi para as Ilhas Virgens. A ilha nas Ilhas Virgens do Jeff -- digo, de Jeffrey Epstein.
Note o artifício do advogado de evitar perguntar se o ato aconteceu, e perguntar somente sobre o plano, a intenção. Quando ela mandou você fazer? Aonde você foi pra fazer? mas nunca Você fez?
O que se pode concluir daí: ela recebeu o comando, ela foi até lá pra isso. E é só.
Precisa da outra testemunha que tava lá, que diz que ela fez a oferta e ele recusou, pra completar o quadro corretamente. Se for só pela esperteza do advogado, acaba-se saindo com uma impressão torcida, e pelo jeito foi o que aconteceu com você. Certo?
por que você voltou pro stallman? eu queria resolver primeiro a questão do minsky, porque acho que estamos bem próximos de chegar a uma conclusão.
vou continuar com minsky, analisando seu argumento. pra mim, ele soa como "ah, tá, ela não disse ali, mas pode ter dito noutro lugar (onde?), ou pode ter acontecido noutro momento (quando?)"
você concorda que sem encontrar esse outro depoimento imaginário, ou o relato dessa outra ocasião, a acusação sobre a qual estamos falando, de que ele teria cometido abuso sexual nessa ocasião em que ms giuffre foi comandada a se oferecer para ele, não se sustenta?
@lxo você até pode alegar que é uma declaração incompleta, mas não que ela "jamais disse". E Stallman nem questiona isso, o foco dele foi reclamar do uso da palavra "assault". Pois caso Minsky realmente tenha feito sexo com Giuffre, ele pensa que "assault" não é uma palavra adequada porque ela se apresentou "entirely willing". Ou seja, o problema pra ele não é nem se rolou sexo ou não, mas sim que se rolou não foi algo assim tão "grave" pra se chamar de "abuso"... por favor, né Oliva?
em tempo, eu concordo com sua objeção, não dá pra afirmar que ela "jamais disse" sem ter estado com ela todo o tempo. a afirmação correta seria de que nenhuma evidência foi trazida para corroborar a hipótese de que ela tenha nalgum momento feito sexo com minsky. a única evidência que havia era uma suposição baseada numa pergunta espertinha e enganosa feita a ela em depoimento. caída essa suposição, o que resta?
entendi e concordei, não importa se houve um estupro.
agora, se estou entendendo direito o que você diz, o problema ainda mais grave (por conta do alvo da sua bronca evidente) é que alguém ousou dizer que "assault" sugere uma violência ainda maior que a que supostamente ocorrera, levantou que critérios de maioridade e autonomia corporal variam moral e legalmente entre diferentes culturas e jurisdições, e não se manifestou expressamente contrário a uma suposta relação entre um senhor de mais de setenta anos e uma mulher de menos de vinte. esse é um sumário razoável da sua acusação?
@lxo porque pro cerne dessa conversa entre nós não importa se Minsky fez ou não sexo com Giuffre, o que importa é que, se rolou mesmo sexo, stallman não vê isso como algo grave.
@f4bs não importa para os fins dessa discussão, que fique bem claro. nem você nem eu (nem stallman) desmerecemos o dano sabidamente imposto a virginia giuffre por jeffrey epstein
não confundir com "sexual assault", um termo legal diferente, que muitas vezes se entende como equivalente a "rape" (estupro), mas que ainda assim, segundo entendo, carrega uma implicação de, além do horror da violência sexual, um agravante de ameaça ou uso de força para submissão da vítima, sendo essa submissão presumida no caso de vulneráveis.
esse é o meu entendimento, mas a relevância dos detalhes desse segundo termo é menor, porque o termo usado na acusação diriigida a minsky foi o primeiro: "assault", sem qualificadores https://gnusocial.net/url/19569533
página 19: "Marvin Minsky (who is accused of assaulting one of Epstein's victims)
sem qualificadores, ele até pode se aplicar a casos em que o estuprador força a vítima. no caso, quem forçava era o traficante.
@lxo então uma vez que "assault" pode ser também definido como abuso e o que Giuffre relata se encaixa total numa situação de abuso, eu não vejo Minsky como alguém que foi acusado de forma injusta. Não querer que se use "assault" pra indicar abuso só porque pode confundir é como não querer que se use "free" pra não confundir com grátis. Ele nesse sentido foi inclusive incoerente, porque não abre mão do "free" só por causa dessas confusões.
@lxo Como se só esse fosse o contexto envolvido. Como se saber a idade da moça não fosse algo importante, como se a complexidade da situação e todo um entorno que demonstrava que algo de muito errado estava rolando não estivesse ao alcance de Minsky. O abuso ocorre quando alguém se aproveita de uma situação onde ocorre desequilíbrio evidente de poderes, e esse papo de que "não tinha como saber" é o de quem normaliza essas situações como algo trivial e totalmente aceitável.
é comum entre neurodivergentes, entre os quais estão sabidamente richard e este que vos fala, o que se costuma chamar "rigidez mental": uma inflexibilidade em ideias, posturas, hábitos, linguagem, ... so familiar? dificuldade de captar sinais não verbais, diferenças importantes na percepção e expressão de contextos e hipersensibilidades diversas são também características comuns presentes em graus diversos. nesses casos, acentuados.
como você apontou, a insistência no uso "correto" de palavras é uma das características mais famosas e discriminadas do richard. é que uma combinação em caráter inevitável dessas características que mencionei que ele apresenta, em grau elevado (o que IMHO torna a intolerância a ela um ato de discriminação a neurodivergentes)
observação curiosa: certas palavras parecem ser gatilhos para ele. são como cones no meio da estrada, bloqueando a compreensão e o avanço do pensamento até que sejam removidos. não há espaço para rotas alternativas. identificada uma situação de uso-gatilho, abre-se um parêntese na conversa e, fora do contexto da conversa, ele explica por que o termo não cabe, não deve ser usado nesse sentido confuso, e faz recomendações para viabilizar a compreensão e a retomada da conversa
há uma longa lista de usos-gatilho de palavras, provavelmente mais longa que o glossário pessoal que ele mantém. fale ou mande email pra ele com esses usos e terá um resposta com esse parêntese, pode apostar
é por isso que eu não consigo enxergar o debate que ele abriu sobre o mau uso do termo "assault" na acusação contra minsky como defesa de minsky. essa resposta viria igual, como mensagem gravada, para qualquer menção em que o termo não se encaixe. e não é que ele esteja querendo ser chato, é que o termo distrai e perturba (hipersensibilidade, lembra?) a ponto de impedir a compreensão do restante
a reação ao uso do termo Linux para se referir ao sistema GNU, de Open Source para se referir à ideologia do Software Livre é semelhante à de falar em "assault" para algo que não envolva uso de força, em "they" para se referir a uma só pessoa...
"underage" para tentar sugerir algo sobre a idade da pessoa também parece que ativa esse processo e leva a uma discussão filosófica sobre diferenças culturais, morais e legais no espaço e no tempo.
pode-se supor erroneamente que estas tangentes estejam dentro do contexto da conversa, mas não estão. estão no contexto do uso-gatilho que as provocou, nada mais. não defendem agressores, não desmerecem sofrimento de vítimas, não buscam atenuar nem agravar fatos, apenas buscam precisão na linguagem. para neurotípicos, que compreendem contextos de forma bastante diferente, isso parece bem difícil de entender e de tolerar, porque pode mesmo parecer uma defesa ou um ataque
eu gostaria de conhecer a origem da fabricação do "não acha grave". não encontro nada que apóie essa alegação, que me parece injuriosa. até onde consigo ver, ele praticamente não se pronunciou sobre o tema, distraído que estava com os outros gatilhos e parênteses. a única parte da conversa em que ele me parece tomar uma posição quanto à possibilidade de que minsky houvesse aceito a oferta sexual que giuffre foi obrigada a lhe fazer, richard escreve: "sabemos que Giuffre estava sendo coagida a fazer sexo -- por Epstein. Ela estava sofrendo danos" Minha tradução está péssima, mas vejo clara reprovação aí, você não? Noutra parte, ele escreve "vamos presumir que [a acusação] seja verdadeira (não vejo razão para duvidar dela)", e ali não há qualquer expressão de julgamento de valor sobre a gravidade da acusação, apenas uma premissa para abrir um parêntese sobre clareza de linguagem
@lxo "que dá conta que os crimes sexuais e de tráfico humano que ocorriam na ilha não eram visíveis para os contatos sociais de epstein," BULLSHIT! Isso é exatamente o que corrobora meu argumento de que as pessoas simplesmente não querem ver o óbvio! E Stallman faz pior, ele não acha grave alguém de 73 anos fazer sexo com alguém de 17 que se ofereceu em condições totalmente suspeitas.
f4bs, minha querida, eu adoro trocar ideias com você. tenho imenso respeito e carinho por você, e você sabe que tem e sempre terá um lugar especial no meu coração. nossas divergências têm me enriquecido ao longo dos muitos anos, e aprecio muito que não baixamos o nível do debate, e nos sentimos à vontade um com o outro para chamar atenção quando pisamos na bola. por isso escrevo, na esperança de que você um dia leia, já que mutou a conversa, mas escrevo na conversa, para respeitar seu desejo de não ler mais, pelo menos por agora.
> não é porque uma pessoa é neurodivergente que não possa buscar ajuda pra melhorar.
isso é um show de ignorância, preconceito e intolerância às características do espectro autista. melhorar, a gente busca, mas os "tratamentos" para "curar" grande parte dessas características são tortura, como aquela à qual turing foi submetido, por apresentar outros comportamentos julgados inaceitáveis em sua época, e não "curam" coisa nenhuma, apenas forçam (repito, mediante tortura) a pessoa a suprimir sua natureza julgada inaceitável por intolerantes. somos acusados de falta de empatia, por não sermos capazes de entender como funcionam as mentes neurotípicas, mas a aparente falta de empatia é mútua. a diferença é que nós, como minoria, precisamos nos desdobrar para decifrar as mentes diferentes das nossas, enquanto a maioria parece desejar nossa distância e sumiço, ao invés de nos acolher.
cc: @passis
e não, não é etarismo ou preconceito com a venda do próprio corpo, pois mesmo se tratando o corpo como mercadoria, quem compra mercadoria roubada é cúmplice, e não interessa se não sabia, tá lá na legislação bem certinho que vocẽ tem obrigação, como consumidor, a saber a procedência daquilo que consome, seja pagando ou recebendo de graça. Então a pessoa que faz sexo nessas condições além de abusador ainda é cúmplice. CÚMPLICE!
Stallman demonstrou não estar nem aí pro fato do Minsky ter continuado a receber grana e fazer simpósio na ilha do Epstein mesmo depois dele ter sido denunciado e registrado como sex offender. Tentou amenizar pro lado do amigo porque, como boa parte do universo masculino, não vê nada de mais nos contextos que foram apresentados, acrescidos de garotas super jovens se oferecendo pra fazer sexo com senhores bem mais velhos.
você está usando de capacitismo para justificar comportamentos. Pois não é porque uma pessoa é neurodivergente que não possa buscar ajuda pra melhorar. E Stallman nunca demonstrou interesse em mudar seu jeito estúpido de se comunicar, as desculpas sempre foram "me perdoem, não quis machucar ninguém, mas eu sou assim e pronto". As falas dele são problemáticas sim, MUITA gente tem essa visão e não é porque a Vince ou o escambau falou, mas porque tivemos acesso a próprias falas dele mesmo.
não gostar da nossa natureza, de nossas excentricidades, dossos comportamentos atípicos, isso é tudo compreensível, especialmente dada a ignorância sobre nossa natureza e a pressão por conformidade típica.
mas inventarem mentiras sobre nós para que sejamos odiados, torcerem e exagerarem nossos comportamentos para que pareçamos nós os que se comportam de maneira odiosa e reprovável, para que sejamos isolados, ostracizados, e nossa natureza seja exterminada, isso não é aceitável, e é disso que se trata uma porção significativa da campanha de ódio dirigida a ele.
um dos enganos mais comuns dos neurotípicos, que me parece ser o que mais alimenta a intolerância aos neurodivergentes, é justamente não perceber que uma teoria da mente diferente se aplica. se 90% das pessoas ao seu redor, quando dizem X, estão pensando e querendo dizer Y, vocês aprendem a observar X e entender Y. e isso funciona pra 90% das pessoas neurotípicas.
mas mentes neurodivergentes têm a fiação instalada de outro jeito. as percepções, a influência das emoções, a construção de pensamentos, isso é tudo diferente. e não no sentido de que nós neurodivergentes somos todos de um outro jeito específico, como se nós fôssemos alienígenas de uma mesma espécie deixados para trás espalhados num planeta hostil. não, somos mais como alienígenas vindos de planetas diferentes.
se você ouve X de um de nós, nalguns casos quer dizer só X mesmo, e chegamos a X por caminhos completamentes diferentes. noutros, a pessoa tá pensando Z mas aprendeu (por tortura ou não) a mascarar e dizer X. noutros, a pessoa tá pensando Y mesmo.
então eu suplico, da mesma forma que a maioria feminina pede que vítimas sejam ouvidas, que seus relatos não sejam desmerecidos pelos poderosos que não experimentam a mesma vivência, a mesma natureza, os mesmos riscos... acreditem nos relatos que compartilhamos! também somos atacados, vitimados, oprimidos, ignorados, desmerecidos, cancelados, odiados e suprimidos, mas não somos maioria. somos só diferentes.