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Isso mexeu muito comigo e busquei leituras para entender melhor este fenômeno. Comecei pelo livro "Agnotology: The Making and Unmaking of Ignorance", editado por Robert N. Proctor e Londa Schiebinger. São diversos ensaios acadêmicos, relativamente densos. Do lado dos que enganam, basicamente se trata da luta por dinheiro e poder.
Já do lado dos "enganados", que não é tratado no livro, tenho a convicção de que, muita das vezes, não se trata de baixa escolaridade ou ignorância. Mas de uma incapacidade de enfrentar uma realidade "desencantada", muitas vezes dura (e, sempre, absurda). Nisso, dão uma de "Fox Mulder" do Arquivo X e vão pelo caminho do "Eu quero acreditar".
É aí que mora o perigo. Essa crendice acrítica é uma vulnerabilidade no sistema (como um backdoor): uma porta de entrada para essas coisas, desde os "patriotas" até outros delírios fora desse contexto político-partidário, como alguns que presenciei acontecendo com pessoas próximas.