Eu não tenho filhos, nem sou lá tão fã de criança pequena para ser sincera, mas certos discursos #childfree me incomodam bastante e são bem problemáticos. Há um abismo gigantesco entre não querer ter filhos (ou se responsabilizar por alguma criança) e não querer que crianças frequentem espaços públicos como restaurantes, cinemas, teatros etc. A exclusão de crianças desses espaços, além de etarista, significa também a exclusão de mães. #feminismo que não abraça mães não é feminismo de verdade.
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Mile (mile@ursal.zone)'s status on Wednesday, 16-Nov-2022 12:53:28 JST Mile -
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Alexandre Oliva (lxo@gnusocial.net)'s status on Wednesday, 16-Nov-2022 12:53:27 JST Alexandre Oliva > significa também a exclusão de mães
sabe que eu fico desapontado com o que me soa como um machismo tão profundamente enraizado nessa conclusão?
eu lembro de ficar chateado com político fazendo discurso de que oferecer creche é pra mulher poder trabalhar, o que pra mim é machismo estrutural. um colega meu criou a filha sozinho. outro deixou o trabalho pra cuidar das crianças quando precisaram e a companheira tava super bem no trabalho dela. fora amamentação, que (ainda) fica difícil de dividir, cuidar das crianças, numa sociedade não sexista, não era pra ser coisa associada só nem primariamente à mãe. eu até entendo que, dentro de uma sociedade ainda super machista, o feminismo clame por direitos para mães relacionados ao desequilíbrio nas expectativas de cuidados infantis, mas me soa contraditório com demandas mais fundamentais de equilíbrio de direitos e obrigações. pode ser meio utópico, mas sonho como o dia em que nós feministas não precisemos lutar por direitos que só ganham relevância diferenciada em razão de desigualdades mais profundas. mas eu consigo vislumbrar desde já um feminismo mais utópico, de longo prazo, que não inclua essas pautas que de certa forma aceitam esse machismo estrutural. tô viajando? -
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Alexandre Oliva (lxo@gnusocial.net)'s status on Wednesday, 16-Nov-2022 22:53:40 JST Alexandre Oliva > a carga da criação de uma criança recai quase sempre na mulher
por causa justamente do machismo estrutural de que eu falava
> aquela postura de “mas e os homens?”
pena que você veja assim. você até tem razão, mas a intenção da minha colocação, ao contrário de tentar puxar sardinha pros direitos dos homens, como essa frase normalmente pretende, é chamar atenção pras obrigações dos homens. tipo, é o contrário do que você tá lendo na atitude, provavelmente reflexo de quão comum é essa atitude que nós dois reprovamos.
felizmente parece que também concordamos quanto à existência e injustiça do machismo estrutural, que acaba depositando sobre as mulheres expectativas de obrigações parentais muito maiores do que as que recaem sobre os homens. né? :-) -
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Mile (mile@ursal.zone)'s status on Wednesday, 16-Nov-2022 22:53:41 JST Mile @lxo
Eu citei mães (e continuarei citando por um bom tempo) justamente porque a carga da criação de uma criança recai quase sempre na mulher, não porque eu acho que seja algo exclusivo de mulheres. Só que a gente vive em uma sociedade que, ao ver um homem fazendo o básico do básico das suas obrigações paternas, o elogia, parabeniza como se ele fosse o melhor pai do mundo só por fazer o mínimo. Em contrapartida, mulheres que são mães são constantemente cobradas.
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