Giovanni Bassi
Uma coisa que sempre achei bizarra é como muita gente acredita na mentira de que benefícios trabalhistas saem do salário do trabalhador.
"Se não houvesse 13º você ganharia 1/12 a mais por mês."
Não, se 13º não existisse os sócios da empresa lucrariam mais. Simples assim.
Giovanni Bassi
O que define seu salário é o mínimo que você precisa para não morrer de fome (pra profissões socialmente desfavoráveis) ou uma dinâmica de mercado. Essa dinâmica, por sua vez, é definida principalmente pelo % de desemprego na sua posição de trabalho, além de outros fatores.
Giovanni Bassi
Para profissões que recebem muito pouco, talvez uma parte do VR, se extinto, incorporasse o salário. Pra quem ganha acima da linha da fome, não. Você ia pagar seu próprio almoço, e os sócios lucrariam mais. É exatamente o que acontece com quem foi pejotizado, entregadores por aplicativos etc.
Giovanni Bassi
O que rege essa dinâmica é a sua sobrevivência mensal e seu conforto socialmente esperado. Esse segundo é bem negociável. Quanto mais benefícios, mais conforto e menos lucro.
Você sobrevive de boa sem viagens pro exterior, mas sem casa, não. Quando um benefício é cortado, ele sai da sua viagem.
Giovanni Bassi
Aos poucos, conforme o capitalismo avança e a exploração se intensifica, caminhamos em direção a menos conforto, até a linha da sobrevivência. Cada vez menos salário e menos benefícios. Está acontecendo no mundo todo, mas na periferia do capitalismo - aqui - é pior e mais rápido.
Giovanni Bassi
Esse processo acontece por diversos fatores, e vocês conseguem ver claramente. Cada vez mais empresas se fundem e temos menos competição, tanto no mercado em geral, mas também no mercado de trabalho.
O lobby e a corrupção cada vez mais passam leis pra garantir que isso funcione como deve.
Giovanni Bassi
A luta trabalhista é importante, mas é uma luta de resistência fadada ao fracasso. Os grupos de trabalhadores são menos organizados, tem muito menos capital e menos poder político que os poucos donos de tudo.
A única saída é quebrar as bases do sistema. Não é possível reformar o capitalismo.
Giovanni Bassi
Então, pra fechar.
Vocês que me seguem, em maioria ganham bem.
Os benefícios, quando são cortados, saem do seu bolso e não retornam ao seu salário.
Lute pelas suas férias, 13º, escala 4x3 (ou melhor) e afins.
Entenda que é você contra eles.
Eles nunca esquecem. Não esqueça, também.
Giovanni Bassi
@ulyssesalmeida não achei um termo melhor... O que eu quis identificar são as profissões que são historicamente menos remuneradas.
Estas não contribuem menos pra sociedade, mas culturalmente atribuímos menos valor a elas.
Lixeiro, trabalho de cuidado em geral etc.
Giovanni Bassi
@jrrsouzaj @ulyssesalmeida Sim, podem ser termos melhores, mesmo.
Titia
@giggio @ulyssesalmeida "Profissões marginalizadas", talvez? Tem alguns autores que também usam "trabalho invisível". Não que o termo que tu utilizou seja ruim, eu compreendi de primeira o que tu quis dizer.
Giovanni Bassi
@paulohrpinheiro Exato. Num processo de arrocho e transferência de renda pro grande capitalista.
☭ Paulo Pinheiro 𝄢
@giggio e qualquer benefício que se incorpore ao salário, a longo termo, será destruído pela inflação.
Giovanni Bassi
@Angrist Sem dúvida. É tudo feito pra ferrar o trabalhador, essas empresas são a escória do mercado de trabalho.
Angrist
@giggio E quem trabalha com aplicativo, tem a desvantagem de o aplicativo poder pagar x para um, e y para outro, controlar quantas "corridas" você recebe, te "educar" pela punição de diminuir seu ganhos. Fora uma base de dados gigante pra ajudar a calcular o menor valor possível pra te tirar da inércia e ir pegar corrida.
Giovanni Bassi
@diegomota O ideal seria não taxarmos o trabalho, mas a renda, principalmente os lucros.
Quanto aos benefícios, o empregador vai sempre pagar o mínimo que puder, e sempre sai do bolso do empregador, depois de ter explorado o empregado.
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