Notices by Caio (caiocco@bolha.us)

E falando das profundezas habitadas por terminais e consoles textuais de sistemas baseados em Linux, BSD e Illumos, uma coisa que eu sempre namoro são ferramentas de contabilidade baseadas em arquivos de texto simples. O site https://plaintextaccounting.org/ abriga uma série de materiais a respeito.

Mas… texto simples é uma faca de dois gumes: é um formato limpo, transparente, sem pegadinhas binárias, teoricamente mais fácil de ser manipulado; também é um formato que raramente está associado a interfaces gráficas ou textuais baseadas em formulários, caixas de diálogo e outros paradigmas e metáforas que tentam elevar a intuitividade.

Um sistema Unix ou Unix-like baseado em soluções de texto simples é uma eterna plataforma para interpretadores e compiladores. A tríade usuário, shell e editor de texto é praticamente inseparável e onipresente.

- Processar documentos? LaTeX, Asciidoc, Pandoc, Groff, Org-mode.

- Controlar afazeres (calendário/alarme)? Remind.

- Gerenciar projetos? TaskJuggler.

- Arquivar fichas? GNU Recutils.

- Contabilidade? ledger, hledger, beancount.

- Apresentações? Beamer (baseado em LaTeX), MagicPoint.

Tudo isso envolve interações usando a tríade.

Para mim, sem pestanejar, o maior drama da minha vida é a questão imobiliária.

Acho tudo muito caro, fico com receio de me enrolar com o financiamento do bem, fico com receio de não conseguir me adaptar a um imóvel muito pequeno (no sentido de inviabilizar qualquer passatempo por anos e anos a fio) e, mais do que nunca, temo escolher um endereço que será prejudicado pela extinção da CPTM.

Eu estou cansado de certos papos (o que já rendeu vários textos para o @commu), sigo envelhecendo e não consigo sentir que vou escapar da perversidade de um financiamento ou de um aluguel.

E o que mais me surpreende foi ter desenvolvido, ao longo de mais de uma década, como parte da minha carreira e das lutas que travo e já travei, certo grau de inteligência espacial. Eu não faço minhas buscas no limbo, mas quanto mais eu busco e aprendo, mais eu reforço minha percepção em torno das barreiras do mercado imobiliário formal.

É uma sinuca de bico. Morar numa gaveta num bairro estratégico da Zona Leste ou partir para os mares da Grande São Paulo, tentando esticar a relação entre preço da unidade e metragem? Ainda não sei dizer.

@pbaesse Haha, não tem problema. Valeu por ler! Sinto falta de um misto da experiência que tive usando certos aplicativos em plataformas que ficaram no passado. Queria ter uma experiência coesa, bem consistente, mas... com uma base sólida e de código aberto. Se eu tivesse os meios, financiaria o desenvolvimento, a começar pelo ambiente desktop, porque estou correndo risco de ficar órfão do #FVWM com o avanço do #Wayland (que eu estou testando com #GNOME, mas não consigo me sentir feliz usando) e, francamente, nunca tive um bom gerenciador de programas, tendo de improvisar com menus suspensos e barras de botões.

Meu sonho molhado envolvendo software livre seria ter um sistema baseado em #Linux ou #FreeBSD com um desktop completo inspirado em antigas e (na minha visão, é claro) valiosas experiências dos anos 1990.

- Ambiente desktop: mesclaria elementos de bons shells para DOS e Windows 3.1, como QuikMenu III, QuikMenu 4, Wayfarer e Central Point Desktop, sem boicotar o padrão XDG. Visando aproveitar bem os atuais monitores de alta resolução, cada vez mais largos, teria três barras (superior, inferior e direita) criando um espaço contínuo. Possuiria áreas de trabalho virtuais e seria complementado por gerenciadores, como em ambientes do passado: gerenciador de arquivos, de impressões, de configurações, de pacotes (frontend), etc.

- PIM: isso é uma coisa que sinto falta, então, o sistema possuiria um software robusto de PIM, se possível, integrável com padrões abertos, inspirado num misto de Borland Sidekick, Lotus Organizer, Lotus Agenda e Expresso (este último dos mesmos criadores do After Dark). Sim, aquele visual de agenda, folheável, cheio de frescuras, isso aí.

- Produtividade: eu misto de Claris Impact, ClarisWorks, FileMaker PRO e GeoWorks/Breadbox. Poderoso e robusto, mas leve.

- Produtividade [2]: outras opções de produtividade que eu gostaria de ter, por padrão, dentro desse pacote coeso que estou descrevendo, seria um clone do Spreadsheet 2000, clone do Lotus Improv (ou Quantrix, se quisermos buscar inspiração nas obras de arte da Lighthouse Design) e um clone do TaskMaster.

- Gráficos: como comentei outro dia, sou um grande fã da dupla NeoPaint e NeoBook para DOS. Eu adoraria vê-los clonados, também dentro de uma proposta coesa. Outra coisa que eu sinto falta no Linux e sistemas Unix/Unix-like é um sistema de visualização com banco de dados, como o ThumbsPlus (qualquer coisa mais ou menos em paridade com o que existia no final dos anos 1990 já seria suficiente).

- Outras amenidades: eu acho frustrante que ningém mais desenvolveu a ideia de bons visualizadores embarcados depois do Windows 95, que vinha com uma versão leve do Quick View. Um misto de Quick View com Lotus Magellan seria formidável. Na verdade, se fosse possível juntar a proposta do Magellan com um indexador como o Recoll (baseado na Xapian), seria formidável.

Finalmente, minha ideia de coesão envolveria resgatar os princípios que nortearam a produção de software do final dos anos 1980 até meados dos anos 2000. Eu REJEITARIA deliberadamente:

- Design material;
- Interfaces com elementos chapados de baixo contraste (e dificeis de serem descobertos);
- Tooltips banalizadas ou inúteis;
- Ausência de boa documentação em hipertexto localmente disponível;
- Ausência de assistentes para tarefas complexas;
- Ícones de linhas finas, com baixa legibilidade;
- Ícones monocromáticos, mesmo para notificações;
- Ausência de menus no formato tradicional (barra com categorias);
- Utilização de menu hambúrguer ou de três pontos;
- Ausência de barras de ferramentas tradicionais;
- Ausência de página de manual tradicional para explicar e exemplificar a invocação por linha de comando.

O conjunto de widgets seguiria as boas práticas dos anos 1990. Motif, Windows 9x, os próprios programas da NeoSoft, o Platinum (Mac OS 8.x-9.x), além de alguns temas GTK2, todos oferecem exemplos de boas práticas.

Devido à boa compatibilidade com hints no X Window, eu pensei em tudo rodando com o Openbox como gerenciador de janelas, escrito em C++, com toolkit Qt.

Hoje conversava sobre uma certa emissora de #televisão. Além do desmonte gradativo ao longo dos anos, com o empobrecimento da própria programação, o avanço da extrema-direita em solo paulista agravou a crise. A emissora em questão tocava um trecho de Forbidden Dreams do músico grego Yanni (https://youtu.be/HNcsIdkRjbs) na abertura e no encerramento, além de ter recheado sua programação com produções infantis soviéticas (https://youtu.be/BZGiwG1LZRE) nos anos 1990. Estou me referindo à TV Cultura, mantida pela Fundação Padre Anchieta com substancial dependência de recursos do erário. Muito pouco discutida, mas historicamente relevante.

Se tem uma coisa que me deixa informado é a baixa otimização do software de hoje em dia. Eu sou uma pessoa que demora bastante para fazer upgrades. #Hardware custa caro. Muito caro. Eu simplesmente odeio a #Web regada a código #JavaScript cada vez mais pesado, rodando em navegadores que devoram toda a memória do equipamento. Saltei de um iPhone 6s para o 12 depois de quase 10 anos. Comprei meu #computador atual de sabe-se lá quantas mãos, uma workstation #Dell Precision com um processador #Xeon E5-1607 "cabeça quente" (lançado no ano de 2012), em 2017, por R$ 1.990, expandindo a memória RAM de 6 GB para incríveis 40 GB em 2017, por R$ 740. A workstation foi adquirida porque eu estava usando um #ThinkPad X200 também usado, com meros 4 GB de memória, comprado para quebrar o galho depois que meu primeiro desktop decente, um i7 adquiridos lá nos idos de 2010, virou vinagre em outubro de 2016. O i7 já não era novo em 2016, mas o ThinkPad era jurássico, pois havia sido lançado em 2008. Quer dizer... o Xeon que eu ainda estou usando é pouca coisa mais nova do que aquele i7 que já não era novo quando fritou. Desde antes do i7, eu uso #openSUSE com #FVWM e mais ou menos as mesmas coisas.

Indo na padaria 1 hora antes dela fechar. Ar com qualidade insalubre e #calor terrível. Não dá nem vontade de sair de casa. Para mim, que ajudei a fundar o @commu, é uma situação especialmente deprimente. Uma década tentando discutir temas relacionados, mas parece que não adiantou, mesmo mirando na Região Metropolitana de São Paulo, com ~20 milhões de habitantes. O Brasil é um país cada vez mais urbano, mas falar de #urbanismo e #planejamento territorial ainda é tabu. A proliferação de #cidades médias, nas quais baixas densidades e uso indiscriminado do #carro são sinônimos (equivocados) de qualidade de vida, coloca um desafio extra, mas que já havia sido adiantado há décadas por nomes como o brilhante Milton Santos. Estamos atrasados e sofrendo as consequências.

@gutocarvalho Ahhh, mas é maneiro, não é? Eu uso #LaTeX para entregar alguns trabalhos da #UFABC e me sinto um ET por fazer isso sendo das Humanidades, hahaha. Acho que o LaTeX é um pouco mais complexo, inclusive, gosto do #openSUSE justamente porque a distribuição do LaTeX é suficientemente bem empacotada, a ponto de incluir até um RPM dos modelos para nossas normas da #ABNT. Costumo brincar que processador de documentos é como caneta para mim: adoro colecionar e sempre é bom ter mais de uma por perto.

Vi uma #dica (acho que foi aqui no "Mastoverso" sobre um tal de `csvlens` para paginação/exibição de arquivos delimitados por vírgula ou outro caractere utilizando modo texto/terminal, mas quando fui montar um alias no bash para um shell do #Nix, percebi que poderia usar o `pspg` também. Apesar de o `pspg` ter sigo pensado para utilização com o #PostgreSQL, ele funciona bem para arquivos CSV e similares, inclusive, detectando delimitadores comuns no Brasil, como o ";".

Aproveitando que falei sobre o #Nix no último toot, vou comentar sobre o meu caso de utilização absolutamente banal: coloquei o #Nix no #openSUSE Leap porque precisei testar o ferramental de uma certa #blockchain para um cliente da empresa. Acabou que eu nem precisei do tal ferramental para resolver o problema, mas achei o Nix interessante. Como o Leap é uma distribuição estável, evito a necessidade de abarrotar o sistema com #Flatpak e experimento novidades ou obscuridades com `nix-shell -p`.

@gutocarvalho No site oficial dela, apenas a rede do Elão Musgo é listada. :-(

O #YouTube sugeriu uma palestra da Susan Kare e decidi escrever brevemente sobre ela:

Kare criou não só os ícones do #Macintosh original de 1984, mas também uma série de fontes que, creio eu, ainda devem estar no #macOS até os dias de hoje, como Chicago.

O ponto aqui é que eu já assisti quase todos os episódios do #ComputerChronicles que encontrei, até mesmo por achar fascinante o fato de Gary Kildall, criador do CP/M ter sido um dos âncoras, e um deles, de 1984, envolveu a Susan. Desafiando o sempre impaciente Stewart Cheifet, a jovem designer demonstrou uma série de funcionalidades de uma maneira muito peculiar, eu diria, cuidadosa, praticamente carinhosa, na qual explicou que os ícones e a adoção de elementos e convenções padronizados permitiam ensinar uma pessoa leiga a utilizar um Mac em apenas 20 minutos.

Décadas depois, é incrível como Kare, que continua sendo usuária de computadores da #Apple, continua demonstrando paixão pelo que faz. Link da palestra: https://www.youtube.com/watch?v=4lx9Wtd2P48.

@gutocarvalho quando eu tenho tontura ou vertigem, costuma ser por causa de uma condição chamada de VPPB (vertigem posicional paroxística benigna), que é bastante intermitente, aparece e desaparece espontaneamente, principalmente quando faço alguns movimentos bruscos ao deitar e levantar. Se for isso, um bom otorrino deve identificar (e saber fazer a manobra).

Minhas dicas para uso do #Mastodon, a principal porta de entrada para o #fediverso:

🧺 Crie e acompanhe listas

🌎️ Aprenda a utilizar as linhas e, por isso mesmo, entenda as nuances das instâncias: se você entrar numa instância voltada à tecnologia, a tendência é que a linha local seja rica em posts sobre tecnologia

🏷 Utilize hashtags se quiser que pessoas de outras instâncias encontrem conteúdos seus por meio da busca

➕ Para seguir rapidamente pessoas de outras instâncias, apenas copie e cole o endereço do perfil delas, jogue na busca e siga

🔍 Se você gostava do TweetDeck ou Hootsuite, é possível usar o Mastodon de forma parecida na Web, visualizando múltiplas colunas (que podem comportar suas listas), mas observe que o consumo de memória não é dos menores