Escrito pelo filósofo holandês, de origem portuguesa, Benedictus de Spinoza o Tractatus Theologico-Politicus (Tratado teologico-político) foi um dos textos mais controversos do início do período moderno, tendo sido publicado em 1670 de forma anônima. Em 1665, Spinoza dedicava-se ao desenvolvimento do projeto da Ética (tinha então já redigido as três primeiras partes), quando uma série de acontecimentos disseminados na Europa mostrando-lhe o quanto teólogos e sua teologia contribuíam de modo decisivo ao tolhimento da liberdade humana, o impeliram a suspender temporariamente a redação da Ética e iniciar a redação de um livro em que ele expunha sua visão das Escrituras. A dicotomia servidão-liberdade trespassa a obra. O livro tem como escopo mostrar o quanto a teologia contribui para manter os homens num estado de servidão, e o quanto a construção da liberdade humana passa pela autonomia plena da política relativamente à religião. Nesse sentido, o livro foi revolucionário ao argumentar de modo radical em favor da laicidade do estado. O livro se estrutura do seguinte modo: os capítulos de I a III desconstroem as noções de "profecia" e "profetas" à luz do significado...