[Capítulo] 13 [O ano do pensamento mágico] Eu costumava contar meus sonhos a John, não para compreendê-los, mas para me livrar deles, limpar minha mente para encarar o dia. “Não me conte seus sonhos”, ele me dizia de manhã quando eu acordava, mas, no fim, acabava ouvindo. Quando ele morreu, parei de sonhar. No começo do verão, pela primeira vez desde sua morte, voltei a sonhar. Uma vez que não posso mais contá-los para John, eu me pego pensando neles. Lembro-me de um trecho de um romance que escrevi em meados da década de 1990, The Last Thing He Wanted: É claro que não precisávamos daqueles últimos seis bilhetes para saber com o que Elena sonhava. Elena sonhava com a morte. Elena sonhava com envelhecer. Não há ninguém aqui que não tenha tido (ou que não venha a ter) os sonhos de Elena. Todos sabemos disso. A questão é que Elena não sabia. A questão é que Elena permanecia distante, sobretudo de si mesma, uma agente clandestina que tinha compartimentalizado de forma tão bem-sucedida sua operação que perdera o acesso aos próprios atalhos. Percebo que a situação de Elena é a minha.
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